A esquizofrenia é um transtorno mental crônico, considerado um dos transtornos psiquiátricos mais graves que existem. De acordo com um estudo publicado no Jornal da USP, atualmente esse distúrbio atinge cerca de 1% da população mundial. No Brasil, são dois milhões e meio de pessoas afetadas, mas cerca de 68% não recebem tratamento.

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Saiba mais sobre a esquizofrenia, como identificar e tratar esta condição

Neste material, responderemos algumas perguntas sobre esse assunto, que infelizmente ainda sofre muito com estigmas e preconceito por desconhecimento da população.

O que é a esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno mental que tem características como delírios e alucinações, fala desorganizada, alterações no comportamento e comprometimento cognitivo. 

O nome vem do grego (esquizo = divisão e phrenia = mente) e foi estabelecido pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857 – 1939). Antes disso, pessoas que apresentavam essas características eram diagnosticadas com “loucura precoce”.

Infelizmente, pessoas com este e outros transtornos psiquiátricos sofrem muito com o preconceito. Em primeiro lugar, é claro que a desinformação é um fator determinante para o modo como outras pessoas as veem.

Também é importante destacar os estereótipos, como a crença errônea de que todas as pessoas com esquizofrenia são perigosas ou violentas, o que não é verdade. Além disso, existem também filmes, programas de TV e notícias que retratam muitas vezes a esquizofrenia de maneira sensacionalista, associando-a mais uma vez a comportamentos violentos e imprevisíveis.

Por isso é tão importante disseminar as informações corretas sobre esse transtorno, para que mais pessoas fiquem sabendo e, juntos, possamos acabar com o preconceito. Combinado?

Tipos de esquizofrenia

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Ao identificar sintomas do transtorno, o ideal é procurar um profissional da saúde mental, como psicólogo ou psiquiatra

Para que os pacientes sejam orientados a tratamentos mais assertivos, existem diversos tipos de esquizofrenia determinados pelos sintomas que se manifestam:

  • Simples: o paciente tem ideias fixas e repetitivas sobre o mundo ao seu redor, além de alucinações, delírios, problemas de linguagem, entre outros;
  • Paranoide: caracterizada por sintomas como delírios, alucinações, sensação de que está sendo perseguido(a) e conspirações;
  • Hebefrênica: é caracterizada por comportamentos infantilizados, além da dificuldade em executar tarefas simples da rotina, como tomar banho ou escovar os dentes;
  • Catatônica: a pessoa fica imóvel por bastante tempo, e também pode apresentar comportamentos de imitação de pessoas e coisas;
  • Residual: o paciente fica incapacitado de tomar decisões voluntárias, ausência de comunicação e inibição motora;
  • Indiferenciada: neste caso, os sintomas ainda não são específicos para que se tenha um diagnóstico de esquizofrenia e, por isso, é como uma “pré-categoria” das outras, até que o paciente se encaixe em um tipo específico do transtorno. 

Quais são as causas da esquizofrenia?

Apesar dos avanços da ciência com relação aos estudos sobre a esquizofrenia, esse transtorno ainda não tem uma causa concreta reconhecida pela comunidade científica. 

O que os estudiosos supõem é que a combinação de alguns fatores pode provocar o aparecimento do transtorno, como fatores genéticos, cerebrais e do ambiente em que a pessoa vive.

São considerados fatores de risco o histórico familiar – principalmente se a pessoa com o transtorno for um dos pais ou irmão gêmeo – exposição a toxinas e má nutrição no útero materno, problemas no parto e uso de drogas. 

Aliás, você sabia que, no passado, uma das causas consideradas da esquizofrenia era possessão demoníaca? Pois é, está aí mais um motivo para nos informarmos sobre essas patologias.

Quais são os sintomas da esquizofrenia?

Em geral, os sintomas começam a se manifestar na juventude, entre os 20 e 30 anos, e de forma variada – ou seja, cada pessoa sente de um jeito diferente.
Os principais sintomas do transtorno são divididos em dois grupos: positivos e negativos. Entre os positivos estão os delírios e alucinações. Quando falamos em delírios, a pessoa pode acreditar que está sendo seguida e/ou vigiada, que outras pessoas estão contra ela e então acabar entrando em isolamento social e tendo oscilações de humor.

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O desinteresse nas atividades cotidianas é um dos sintomas da esquizofrenia

Além disso, as alucinações são percepções sensoriais individuais, como ouvir vozes e outras ilusões auditivas, visuais, olfativas, gustativas e táteis.

Já os sintomas negativos incluem a ausência de expressões faciais, alterações na fala, desinteresse nas atividades do dia a dia e associabilidade (falta de interesse em relacionamentos). 

Como a esquizofrenia afeta o cotidiano?

Infelizmente, esse transtorno psiquiátrico pode ter consequências muito sérias na vida da pessoa que o possui. Algumas delas são desemprego, isolamento e destruição dos relacionamentos – seja com amigos, familiares ou amorosos. 

Além disso, os dados sobre suicídio entre pessoas com diagnóstico de esquizofrenia também preocupam: entre 5% e 6% cometem suicídio, cerca de 20% tentam, e uma grande quantidade têm pensamentos suicidas. 

Esses números contribuem para que essa população tenha uma redução de dez anos em seu tempo médio de vida, além de ser a principal causa de morte prematura em pessoas jovens com o transtorno. 

Como identificar e tratar a esquizofrenia?

Agora que nós já falamos sobre os sintomas do distúrbio, é importante ressaltar que, se você ou alguém que você conhece apresenta dois ou mais deles por um período significativo (pelo menos um mês), o ideal é buscar ajuda profissional. 

Assim como ocorre com outros transtornos e doenças, o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento da esquizofrenia. Quanto antes a doença for identificada, menores serão os danos causados ao desenvolvimento do paciente, maiores as chances de um bom prognóstico e melhor passa a ser a qualidade de vida daquela pessoa.

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Terapias individuais e em grupo podem ajudar muito no tratamento do distúrbio

O tratamento desse distúrbio visa controlar os sintomas e promover a reinserção social do paciente no ambiente em que ele vive. Estas são algumas das intervenções realizadas no tratamento do paciente com esquizofrenia:

  • Medicação: os antipsicóticos são utilizados com o objetivo de promover a estabilidade mental;
  • Terapia: a terapia cognitivo comportamental (TCC) é a mais indicada no tratamento da esquizofrenia;
  • Apoio: as pessoas que estão ao redor de quem sofre com esse transtorno desempenham um papel fundamental no tratamento, mesmo que não saibam. Familiares e amigos podem ajudar os pacientes oferecendo suporte emocional e prático. 

A esquizofrenia não tem cura. Porém, fazendo o tratamento da forma correta, é possível amenizar os sintomas e garantir que o paciente consiga viver a vida com qualidade e bem-estar.