Autonegligência: o que fazer para evitá-la?

É muito comum ouvirmos falar na importância do autocuidado para o nosso dia a dia, principalmente quando o assunto é saúde mental. No entanto, por outro lado, existe também a autonegligência. Você já ouviu falar dela?

 Preparamos um material incrível para explicar melhor o que é essa condição, quais são os sintomas e como evitá-la. Vamos responder às suas principais dúvidas:

• O que é autonegligência?
• Quais são os sintomas da autonegligência? 
• O que fazer para evitar a autonegligência?
• Como tratar a autonegligência?

O que é autonegligência?

Autonegligência é uma condição em que a pessoa deixa de cuidar de si mesma, e se recusa a fazer suas próprias vontades ou oferecer boas condições para a própria vida, pensando que não é merecedora de tais práticas.

Ela pode ser associada a transtornos de saúde mental, como depressão, ansiedade e bipolaridade, e também é bastante comum em pessoas idosas.

A autonegligência pode acarretar diversas consequências no dia a dia, como afetar o uso de medicamentos importantes, prejudicar a higiene pessoal e alimentação – causando desidratação e desnutrição -, fazer com que a pessoa se isole e acumule lixo em casa. 

Infelizmente, como esse é um assunto pouco comentado, muitas pessoas não conhecem as consequências da autonegligência. Por mais que ele seja bastante tratado na geriatria, pessoas de todas as idades podem sofrer por conta disso.

A psicóloga Tatiane Sola explica: “a autonegligência é quando um indivíduo deixa de reconhecer, valorizar suas vontades e necessidades. Ele tende a negligenciar o que é importante para si, mesmo quando possui condições físicas, emocionais, sociais e financeiras para isso”.

Quais são os sintomas da autonegligência?

Como já comentamos, na autonegligência, a pessoa não vê sentido em oferecer algo para si. Ela deixa de se amar e, consequentemente, afeta sua qualidade de vida.

Existem alguns sintomas que podem ser comuns na vida de pessoas que se autonegligenciam. Trouxemos uma lista para te alertar sobre comportamentos associados a esse problema.

• Distúrbios do sono;
• Falta de vontade de sair e participar de atividades sociais;
• Autoestima baixa;
• Agitação e/ou ansiedade exagerada;
• Baixa concentração para as atividades;
• Irritabilidade;
• Perda de apetite;
• Tendência ao alcoolismo;
• Falas frequentes sobre depressão ou suicídio.

“A autonegligência também pode se apresentar como a recusa em cuidar da saúde, não querer gastar dinheiro com coisas importantes para o bem-estar geral, má alimentação ou ambiente em má conservação. Os aspectos emocionais tendem a se apresentar de forma mais deprimida e angustiada”, explica a psicóloga.

Identificou algum ou alguns desses sintomas em você mesmo ou em alguém que você conhece? Procure ajuda.

O que fazer para evitar a autonegligência?

A condição da autonegligência é o contrário do autocuidado, portanto, inserindo práticas de cuidado no cotidiano, somos capazes de evitar a negligência com nós mesmos.

É importante, antes de qualquer coisa, lembrar que o autocuidado deve ser cultivado em todas as esferas da vida:

• Físico;
• Emocional;
• Social;
• Intelectual.

Autocuidado físico

Praticar exercícios físicos regularmente é muito importante para o autocuidado físico. Atividades simples como caminhar, correr, nadar ou praticar yoga ajudam a manter o corpo saudável e promovem bem-estar. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a atividade física vai muito além da preocupação estética.

A alimentação saudável também é uma grande aliada do autocuidado. Uma dica é fazer a própria comida em casa, consumir uma dieta equilibrada. Nesse processo, você pode contar com a ajuda de um nutricionista, o que acha?

Outras ações relacionadas ao autocuidado físico podem incluir uma noite de sono adequada (entre sete e nove horas), manter uma rotina de higiene pessoal e adotar estratégias de gerenciamento do estresse para reduzir a tensão física.

Autocuidado emocional

Você dá a devida atenção para as suas emoções? Nossa saúde mental é tão importante quanto a física e, por isso, é preciso olhar para ela com carinho. 

Algumas práticas que você pode adotar para o autocuidado emocional são terapia e meditação. Além disso, já pensou em uma forma de expressar suas emoções? Você pode optar por música, dança ou outra forma de arte, por exemplo. 

Estabelecer limites saudáveis nas suas relações também é uma forma de se priorizar e promover cuidado. Aprender a dizer “não” quando necessário ajuda a proteger sua energia emocional e evitar sobrecarga.

Autocuidado social

Nossa vida social também é parte importante do autocuidado. Ter por perto as pessoas que amamos nos faz muito bem. 

Por isso, sempre que puder, reserve tempo para se encontrar ou se conectar com amigos e familiares, seja pessoalmente, por telefone, videochamada ou mensagem. 

Outra ideia interessante é envolver-se em atividades sociais que você goste, como participar de aulas, clubes, grupos de interesse ou eventos comunitários. Isso te deixará em contato com outras pessoas que têm os mesmos gostos que você. 

E, claro, dedique-se aos relacionamentos significativos em sua vida, para cultivar laços de confiança, respeito e apoio mútuo. Você é importante para outras pessoas assim como elas são para você. 

Autocuidado intelectual

Quando falamos em autocuidado intelectual, não estamos nos referindo a ficar extremamente inteligentes ou saber de tudo. Na verdade, essa prática promove o crescimento pessoal, previne o declínio cognitivo e deixa a mente mais alerta e ágil.

Você pode incluir no seu cotidiano a leitura de livros, artigos, revistas ou outros materiais que sejam do seu interesse. O aprendizado contínuo, como cursos online, workshops ou palestras também contribuem para o intelecto. 

Que tal aprender e se divertir? Pode ser com jogos mentais, quebra-cabeças, palavras cruzadas, ou jogos de estratégia que estimulem seu pensamento crítico e criatividade.

Como tratar a autonegligência?

De acordo com Tatiane, “buscar apoio psicológico e psiquiátrico é de extrema importância para ajudar a superar a autonegligência. Além disso, a pessoa também pode começar a fazer pequenos movimentos para mudança de comportamento, entendendo que ela é merecedora de autocuidado”. 

A intervenção precoce da autonegligência ajuda a sanar o problema desde o início. A psicóloga explica que a conscientização de todos (família, amigos e sociedade) a respeito do problema é imprescindível. O apoio e a compreensão também são de extrema importância para entender que as mudanças acontecem de forma gradativa.

Se você é ou conhece alguém que está passando pela autonegligência, não hesite em procurar ou oferecer ajuda. Só a conscientização pode ajudar a superar essa condição e promover saúde física e mental para todas as pessoas. Afinal, todos somos importantes!