Perfeccionismo: quando se torna um problema?
Os profissionais de RH constantemente se deparam com candidatos e colaboradores descrevendo o perfeccionismo como uma característica de trabalho. Apesar dessa “perfeição” parecer positiva, a personalidade perfeccionista pode ser um problema no ambiente de trabalho e na vida pessoal, dependendo do grau em que ela se expressa.
Quer saber mais sobre o assunto, suas vantagens e suas consequências na vida cotidiana e na qualidade de vida de uma pessoa? Fique com a gente neste material! Vamos falar sobre:
Antes de começarmos, precisamos ressaltar que perfeição não existe e está tudo bem! Certo?
O que é perfeccionismo?
O perfeccionismo, para algumas pessoas, é mais do que uma característica pessoal – é um traço de personalidade. Pessoas perfeccionistas buscam incessantemente pela perfeição no que fazem, estabelecendo padrões elevados e, na maioria das vezes, inalcançáveis.
Por conta disso, ele leva a comportamentos e pensamentos que podem ter impactos negativos na saúde mental e no bem-estar geral.
Apesar de não ser uma doença propriamente dita, o perfeccionismo é um sintoma presente em diversos transtornos, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), depressão, ansiedade, entre outros.
Existem dois tipos principais de perfeccionismo:
- Saudável, normal, adaptativo: não há nenhum problema em se esforçar e dar o seu máximo para fazer tarefas bem-feitas. Isso se caracteriza como perfeccionismo saudável;
- Nocivo, patológico, não-adaptativo: quando a tarefa a ser feita causa sentimentos como medo, insegurança e baixa autoestima, está na hora de prestar mais atenção para entender se caracteriza ou não como perfeccionismo nocivo ou patológico.
Nas seções abaixo, vamos falar sobre o que o caracteriza como não-adaptativo, que é nocivo para o cotidiano e a convivência das pessoas.
O que pode causar o perfeccionismo?
As características do perfeccionismo podem surgir por diversos motivos. Os mais comuns são:
- Psicológico: como nós comentamos anteriormente, este traço pode ser identificado em transtornos como depressão, ansiedade e TOC. Insegurança e baixa autoestima também são consideradas condições psicológicas que motivam o desenvolvimento do perfeccionismo;
- Família rigorosa: se desde a infância uma pessoa convive com pais rigorosos e que exigem alto desempenho em tudo o que ela faz, esta pessoa pode sim se tornar um adulto perfeccionista, que tem medo de errar até mesmo em tarefas mais básicas;
- Pressão social dentro e fora do trabalho: sabe aquele ambiente em que todas as pessoas são extremamente competitivas? Características perfeccionistas também podem surgir daí, considerando principalmente a vontade de ser melhor do que todos a todo momento;
- Eventos traumáticos: ter enfrentado bullying, abusos emocionais e exclusões, por exemplo, podem levar uma pessoa a se tornar perfeccionista.
É claro que essas são apenas algumas das causas possíveis. Quem poderá te ajudar exatamente a tratar o problema é um profissional de saúde mental especializado nesse assunto, certo?
Principais características do perfeccionista
Agora que já falamos das causas, existem algumas características que definem a pessoa perfeccionista e que ajudam a identificar esse problema. Dependendo da forma como esses atributos se manifestam, talvez seja interessante buscar ajuda profissional.
Padrões muito elevados
Pessoas perfeccionistas estabelecem padrões extremamente altos para si mesmas e para os outros, em qualquer tarefa que forem fazer. Elas têm uma visão ideal do que é perfeito e se esforçam para atingir esse nível.
Por outro lado, quando a cobrança é feita sobre outras pessoas, pode até mesmo gerar conflitos. Afinal, quem tem esse traço não acredita que outras pessoas possam fazer tarefas tão bem quanto elas. Sobrecarga de trabalho e emocional são algumas consequências desse aspecto.
Procrastinação
A procrastinação é uma questão muito presente na vida da pessoa perfeccionista. O medo de não atingir os padrões elevados (que comentamos no tópico acima) pode levá-los a adiar tarefas, esperando o momento ideal para começá-las – ou o “momento perfeito”.
Também ocorre quando o perfeccionista recebe uma crítica e tem dificuldade de adaptar ou mudar o que ele considerava perfeito.
Autoexigência
Essas pessoas se cobram muito para alcançar seus objetivos, o que pode resultar em níveis altos de estresse e ansiedade, impactar negativamente a saúde física e mental, além de prejudicar relacionamentos interpessoais por conta dos padrões rigorosos e da dificuldade em delegar tarefas.
Medo do erro
Um erro ou uma falha, por mínimos que sejam, são capazes de acabar com a autoestima e a segurança de uma pessoa perfeccionista! Por serem sensíveis às críticas, mesmo as construtivas, um perfeccionista pode desanimar com alguma tarefa e, assim como comentamos no tópico anterior, ter sua saúde mental afetada.
Você já identificou, em si mesmo ou em alguém próximo, alguma dessas características? Deixe um comentário no final desse texto para conhecermos sua história!
Como tratar o perfeccionismo?
O primeiro passo do tratamento é reconhecer essa característica e como ela está impactando negativamente o seu dia a dia.
Em geral, o tratamento é feito por meio de psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Dessa forma, é possível trabalhar a autoestima do paciente e ajudá-lo a superar e lidar com os traumas, fantasias e frustrações que passou ao longo da vida.
Em casos mais graves, principalmente os que envolvem transtornos psiquiátricos, o uso de medicamentos também pode ser indicado.
Lembre-se que o perfeccionismo não é necessariamente uma característica negativa. No entanto, quando extremo, pode resultar em estresse, ansiedade e impactos negativos na saúde mental. Encontrar um equilíbrio saudável entre a busca pela excelência e aceitar a imperfeição pode ser um desafio, mas é fundamental para o bem-estar emocional.
O perfeccionismo varia de pessoa para pessoa, certo? Nem tudo o que mencionamos aqui é aplicável a todos. O importante é reconhecer quando este traço está causando impactos negativos na sua vida e buscar a melhor estratégia para lidar com isso.
Qualquer pessoa pode apresentar o perfeccionismo em algum grau sem precisar de acompanhamento. Porém, caso apresente sinais de sofrimento e/ou prejuízo na vida pessoal ou profissional, é recomendado fazer uma avaliação psicológica e psiquiátrica para que haja um melhor entendimento do caso e identificar outros possíveis transtornos associados.